sexta-feira, 11 de novembro de 2011

vice-versa e além
a vida vai e vem

engaiolado ou nem
sabiá canta também

(pra Sofia e pro Sabiú)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

li que um guerreiro deve ir pra guerra com medo, respeito e um propósito inabalável.
me chamou a atenção a palavra guerreiro,
pois pra soldado já basta o propósito inabalável
e, creio, o medo também seja aceitável.
me chamou a atenção, também, a palavra guerra
juntamente com respeito
enfim... a frase toda deu efeito!

li que guerra é de guerreiro,
não é lugar de combatente...

que guerreiro não é soldado
que o medo não é doente
admiração não é respeito
e o propósito é inabalável

e minha inabalável ideia de guerra
simplesmente caiu por terra.

domingo, 12 de junho de 2011

sim, iria!

em talvez raras ocasiões na vida, os atos ganham um peso incomum. uma surpresa. nada é como era antes e o mundo ainda é o mesmo. os atos são os mesmos mas, incrivelmente, nada mais é de mentira. apenas num momento assim que uma certa figura de olhos pretos poderia fazer seu pedido tão simples com aquela voz firme:
- cante uma música, agora!
- "venham venham todos, ver o palhacinho..."
- outra música! rápido, rápido, sem pensar!
- "quando me dizes em segredo que me queres, e meu olhar..."
- outra!
- "você, é algo assim, é tudo pra mim..."
- isso! agora continue cantando e vá girando devagar, dê uma geral de 360 graus na sala. veja se há algo nela que pode te ajudar.
- "...é como eu sonhava, baby..."
e girou. não parou de cantar um segundo sequer. se não sabia o resto da letra, repetia. conforme foi girando, foi observando o salão com atenção e pensando: o que pode ser? passou por várias fotos da infância de cada um de seus amigos pregadas na parede. foi observando uma a uma, cantando e girando, quando topou com a sua própria foto. tinha uns 4 anos de idade naquela foto, que, como em toda criança de 4 anos que se preza, o rosto leve, sem preocupações, sorria à toa, assim como viu em todas as fotos dos seus amigos...
nesse momento, engasgou e não conseguiu mais cantar. tentou uma vez mais, mas não conseguia, a voz não saía, era difícil cantar. percebeu que os versos da música (que por sinal, não gostava) evocavam algo tão enterrado em si naquele momento específico, que sentiu-se pedante e pequeno por ter um dia usado suas velhas frases feitas aprendidas em tão curta vida para falar mal dela!
- "sou feliz... agora... não, não vá embora...".
mas foi embora. continuou girando e deixou a foto pra trás.
foi o suficiente pra ouvir a figura de olhos pretos parar com toda aquela palhaçada. parou de cantar, uivando igual um coiote cruzado com uma desgraça, e percebeu muito bem onde tinha errado.
- o clown não iria até ali pedir ajuda?
- sim, mas é claro que iria.
- não foi desta vez que você conseguiu de fato mudar as coisas.