sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

companheira

com seu usual assombro
busca o tolo companheiro
o conforto de um ombro:

"de todas as eiras e beiras
és a melhor das conselheiras:
que faço eu com mi'a demência
de triste escravo da prudência?"

com sua usual frieza
mostra a dura companheira
a condição de sua presa:

"ao caçador pede um conselho
o desenganado coelho.
pois digo eu, que nunca errei,
que em ti, ainda, não toquei!"

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

ponta da língua

na minha velha fome
de viver
como a vida...
é doce!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

enfim, música!

triste seria o menino
no próprio leito de morte
despido da velha fé
não se fazendo forte
para marcar com o pé
o ritmo de sua sorte

dinheiro vivo

ou notas de real tem animais que voam
ou notas de real tem animais em extinção

quais os signos que povoam
o subconsciente do povão?

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

diem noctis

tímida e insegura
coberta num lençol
renasce rubra a lua
com síndrome de sol

mostrando claro amor
disposto a entrar na sua
renasce o sol branquinho
com síndrome de lua

tratamento moderno

sem nenhum tempo a perder, eu escolho
no menu
uma incrível sessão de acupuntura
por vodu

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

poesia é lixo
que o corpo sente
não servir pra mente
o silêncio
é o grande momento
que quer se tornar
o menino argumento
(momento prosa)

São 4 da madrugada do dia 28. Lembrei-me de um acontecimento do dia em que completei 7 anos. Tinha a ver com o tempo...

A festa tava bem animada, muitos amiguinhos tinham vindo, ganhei muitos presentes, filmavam a festa, tinha um bolão de chocolate em forma de ursinho com linguinha de cereja, tinha recepção ensaiada, guaraná caçula, caixinha-surpresa, rolava "do ré mi fá" no piano, cantavam "com quem será?"... enfim, tava muito divertido!
Altas horas da noite, quando todos já tinham ido embora e a copa tava toda cheia de restos mortais da festa, eu tava inquieto na cama, tentando dormir. Não conseguia de jeito nenhum.
Eu me levantei e bem silenciosamente fui até a copa, que fazia divisão com a sala. Meus pais tavam vendo tv lá, então nem me atrevi a ir em frente, com medo de me perguntarem o que eu tava fazendo acordado. Enfiei-me embaixo da mesa da copa e fiquei por lá um tempão.
Quando chegou uma determinada hora, minha mãe ouviu um barulho e comentou com o meu pai. Ela foi conferir e me viu lá, sentado, todo envergonhado, e, claro, me perguntou o que eu tava fazendo ali. Aí não teve jeito, falei mais ou menos assim:
- Ah... não sei, fiz 7 anos e parece que não mudou nada! Tá tudo a mesma coisa...

Eu até cheguei a achar essa uma história bonitinha, mas ela se trata da história de um garoto a quem já haviam tristemente ensinado que o tempo é o grande inimigo das suas brincadeiras. Claro que um único dia não me modificaria por um ano inteiro de uma vez só, mas era justamente isso que me incomodava. Eu havia já criado esse tempo, como todos um dia o fazem - o tempo que viria a me dizer que eu já era muito crescido pra brincar com ele. Eu ainda iria entrar embaixo de muitas mesas por causa disso... embaixo da mesa... em cima do muro...

Minha mãe riu, conversou um pouco comigo e me chamou pra ir ver tv com eles. Fiquei um pouco e dormi lá mesmo, no sofá. Aí me carregaram até a cama.

o relógio de meu avô
marca a hora de hoje
só que ele não sabe

prece pro menino sério

acorda filhinho, meu coração
não tenha medo do bicho papão
ele é divino, não morde não
e quando morde é tudo de bão! :o)
1- quem sou eu?
2- de onde eu vim?
3- pra onde eu vou?
4- por que quando estou fora do palco eu sei tudo, e quando estou dentro eu não sei bosta nenhuma?

(os quatro grandes mistérios, segundo Alberto Gaus) :o)

domingo, 27 de dezembro de 2009

já dizia meu lado bufão:
a democracia
é a soberania
nas mãos de um cuzão
tão obstinado é o acaso...
gosta de trabalhar sozinho
atravessado pelo caminho
o seu rosto
me remete ao gosto
da framboesa...
uma divina proeza

(pra moça do beijo doce) :o)
escorria pelas coxas
às pernas, já frouxas
a palavra, que tão doce
e talvez tão doentia
desbravar um dia fosse
minha própria apatia
tomá café eu vô
café num custuma faiá...