segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

(momento prosa)

São 4 da madrugada do dia 28. Lembrei-me de um acontecimento do dia em que completei 7 anos. Tinha a ver com o tempo...

A festa tava bem animada, muitos amiguinhos tinham vindo, ganhei muitos presentes, filmavam a festa, tinha um bolão de chocolate em forma de ursinho com linguinha de cereja, tinha recepção ensaiada, guaraná caçula, caixinha-surpresa, rolava "do ré mi fá" no piano, cantavam "com quem será?"... enfim, tava muito divertido!
Altas horas da noite, quando todos já tinham ido embora e a copa tava toda cheia de restos mortais da festa, eu tava inquieto na cama, tentando dormir. Não conseguia de jeito nenhum.
Eu me levantei e bem silenciosamente fui até a copa, que fazia divisão com a sala. Meus pais tavam vendo tv lá, então nem me atrevi a ir em frente, com medo de me perguntarem o que eu tava fazendo acordado. Enfiei-me embaixo da mesa da copa e fiquei por lá um tempão.
Quando chegou uma determinada hora, minha mãe ouviu um barulho e comentou com o meu pai. Ela foi conferir e me viu lá, sentado, todo envergonhado, e, claro, me perguntou o que eu tava fazendo ali. Aí não teve jeito, falei mais ou menos assim:
- Ah... não sei, fiz 7 anos e parece que não mudou nada! Tá tudo a mesma coisa...

Eu até cheguei a achar essa uma história bonitinha, mas ela se trata da história de um garoto a quem já haviam tristemente ensinado que o tempo é o grande inimigo das suas brincadeiras. Claro que um único dia não me modificaria por um ano inteiro de uma vez só, mas era justamente isso que me incomodava. Eu havia já criado esse tempo, como todos um dia o fazem - o tempo que viria a me dizer que eu já era muito crescido pra brincar com ele. Eu ainda iria entrar embaixo de muitas mesas por causa disso... embaixo da mesa... em cima do muro...

Minha mãe riu, conversou um pouco comigo e me chamou pra ir ver tv com eles. Fiquei um pouco e dormi lá mesmo, no sofá. Aí me carregaram até a cama.

o relógio de meu avô
marca a hora de hoje
só que ele não sabe

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